Ciência X Religião: retardo mental, Luciano Henrique:
«Exemplo de sandice: “a ciência se corrige”. Já perdi as contas das vezes em que li essa besteira proclamada por algum neo-ateu aí. Na verdade, eles usam essa falácia do espantalho para afirmar que um cientista pode lançar uma pesquisa, e essa mesma pesquisa ser refutada tempos depois por outro, e daí por diante. E, segundo eles, isso não ocorreria na religião.» ...
«Pois, a cada vez que leio frases como “ciência permite questionamento, mas religião não” é sinal de que estou diante de alguém que não sabe o mínimo sobre ciência. Ou se sabe, está tão fanatizado pela fidelidade aos autores neo-ateus, que já perdeu o senso crítico. Isso que nem citei ainda o Karl Popper, cujo livro “A Lógica da Pesquisa Científica” refuta esse monte de bobagem saganista/dawkinista.»
"Mito do Contexto - Em Defesa da Ciência e da Racionalidade", Karl Popper (2 VI, p.82):
«A tradição crítica foi fundada pela adopção do método de crítica a uma história ou explicação recebidas, a que se seguiu uma nova história, melhorada e plena de imaginação que, por sua vez, é objecto de crítica. Acho que este método é o método da ciência. Parece ter sido inventado uma única vez na história da humanidade. Desapareceu no Ocidente quando as escolas em Atenas foram banidas por um cristianismo vitorioso e intolerante, não obstante ter-se mantido no Leste árabe. Durante a Idade Média, sentiu-se a sua falta. Na Renascença, juntamente com a redescoberta da filosofia e da ciência gregas, foi mais reimportada do Oriente do que reinventada.
Poder-se-á entender a singularidade desta segunda componente da tradição científica - o método da discussão crítica - se considerarmos a função das escolas há muito estabelecida, em particular das escolas religiosas e semi-religiosas. A sua função é, e sempre foi, a de preservar a pureza dos ensinamentos do fundador da escola. São raras, por conseguinte, as alterações na doutrina e devem-se especialmente a erros ou divergências. Quando são feitas conscientemente, são-no, regra geral, de modo sub-reptício - pois de outro modo as mudanças provocariam divisões e cisões.»
"Conjecturas e refutações - O Desenvolvimento do Conhecimento Científico", Karl Popper (10 I):
«O meu propósito nesta conferência consiste em acentuar a importância de um aspecto particular da Ciência - a sua necessidade de se desenvolver ou, se preferirem, a sua necessidade de progredir.» ...
«Devem ter-se apercebido pela minha forma de pôr a questão que, quando falo em desenvolvimento do conhecimento científico, não estou a pensar numa acumulação de observações, mas sim no repetido derrubamento das teorias científicas e sua substituição por outras melhores ou mais satisfatórias.» ...
«A história da Ciência, tal como a história de todas as ideias humanas, é uma história de sonhos irresponsáveis, de obstinação e de erro. Mas a Ciência é uma das muito poucas actividades humanas - talvez a única - em que os erros são sistematicamente criticados e frequentes vezes corrigidos com o tempo. É por isso que podemos dizer que, em Ciência, aprendemos frequentemente com os nossos erros, e é por isso que podemos falar, clara e judiciosamente em fazer progressos nela. Na maioria dos outros âmbitos do esforço humano, existe mudança, mas raramente progresso (a menos que adoptemos uma visão muito estreita dos nossos possíveis objectivos na vida), na medida em que quase todos os ganhos são contrabalançados, ou mais do que contrabalançados, por perdas. E, na maioria das áreas, nós nem sequer sabemos como avaliar a mudança.
No domínio da Ciência temos, contudo, um critério de progresso: mesmo antes de uma teoria ter sido submetida a um teste empírico, nós podemos ser capazes de dizer se ela, no caso de conseguir ultrapassar determinados testes específicos, representará ou não um avanço em relação a outras teorias que conhecemos.»
"A Linguagem de Deus - A ciência apresenta provas para a fé", Francis S. Collins:
(cap.3 p.53) «A ciência é progressiva e autocorrige-se: nenhuma conclusão significativamente errónea nem nenhuma hipótese falsa se conseguem manter durante muito tempo, pois observações mais recentes acabarão por arrasar constructos incorrectos.»
Stanford Encyclopedia of Philosophy : Charles Sanders Peirce (1839–1914):
«The only important thing in thinking scientifically to apply the scientific method itself. This method he held to be essentially public and reproducible in its activities, as well as self-correcting in the following sense: No matter where different researchers may begin, as long as they follow the scientific method, their results will eventually converge toward the same outcome.» ...
«(This topic has been discussed expertly by Deborah Mayo, who also has shown that the error-correction implicit in statistical hypothesis-testing is intimately affiliated with Peirce's notion of science as self-correcting and convergent to “the truth.”)»
Nota: este blog é um espaço temporário com referências e anotações para um futuro site desenvolvido de raiz.